Em seu pronunciamento, o presidente da ANPT disse que a sessão vem em um momento oportuno, visto que pouco se tem visto na imprensa ou nos debates sociais algo sobre a relevância de se dar concretude ao que a Constituição destaca há quase três décadas acerca da necessidade de respeito à proteção integral de crianças e adolescentes. Se essa data comemorativa é pouco lembrada, temos, inegavelmente, uma realidade vergonhosamente esquecida, com tantas afrontas aos direitos fundamentais. É lamentável que se busque criminalizar cada vez mais a infância e a adolescência, como se isso fosse a única solução para os problemas de violência, disse.
De acordo com o procurador, o contexto é todo preocupante, pois, além de se buscar criminalizar a infância e a adolescência, observa-se, a todo instante, tentativas de se avançar na supressão de direitos basilares da sociedade, o que, em sua ótica, mostra-se inadmissível num pretenso Estado de Direito. Neste sentido, ele falou também sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 18/2011, que tramita na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara e que prevê a autorização do trabalho sob o regime de tempo parcial a partir dos 14 anos, reduzindo a idade mínima para o trabalho, que atualmente é de 16 anos, como previsto na redação atual da Constituição Federal.

Segundo Azevedo Lima, a PEC fere, inclusive, convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, a exemplo da Convenção n. 138 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que deixa claro que a idade mínima para o trabalho tem que levar em conta a formação escolar completa do adolescente, não podendo se dar, inclusive, em idade inferior aos 15 anos.
Ainda de acordo com o presidente da ANPT, não se pode dar qualquer guarida ao discurso fácil de que seria preferível a criança trabalhar a roubar e matar, como se as suas opções se restringissem a ser explorada ou cometer algum crime, trabalhar ou virar bandido. Em verdade, destacou ele, o que se constata é que a exploração do trabalho infantil acaba por retirar das crianças e dos adolescentes a possibilidade de um futuro com alguma ainda que mínima, muitas vezes dignidade.
Precisamos avançar para dar concretude ao respeito aos direitos fundamentais, respeitando a premissa da proteção das crianças e dos adolescentes. Só assim poderemos avançar para que tenhamos, efetivamente, uma sociedade mais justa, mais livre e mais solidária. Não olvidemos, ademais, que lugar de criança e adolescente é na escola! Não à redução da maioridade penal, não à redução da idade mínima para o trabalho de adolescentes, finalizou o presidente da ANPT.

