30 anos de retrocesso

O Dia Internacional da Mulher é consagrado à luta das mulheres por um lugar no mundo do trabalho. Deveria ser um dia para comemorarmos as conquistas, mas, neste ano de 2021, o que vivenciamos é um retrocesso de 30 anos nos frágeis avanços na participação feminina no mercado laboral, agravado pela pandemia de Covid-19, que empurrou para fora da força de trabalho 7 milhões de mulheres.

A desigualdade de gênero no trabalho, contudo, precede a pandemia. De acordo com estudo divulgado pela OIT, em janeiro de 2020, tínhamos avançado pouco na diminuição do abismo que separa homens e mulheres no trabalho. No Brasil, o quadro é ainda pior. Conquanto representem a maioria da população (51,8%) e sejam mais instruídas do que os homens (de acordo com o IBGE, em 2019, as mulheres com curso superior representavam 29,7%, ao passo que os homens, 21,5%), as mulheres ainda ocupam menos postos de trabalho e ganham apenas 77,7% dos salários dos homens.

No quesito liderança, as mulheres, no máximo, exercem cargos de gerência média, ocupando, em 2019, 37,4% de tais cargos, consoante as Estatísticas de Gênero do IBGE. Avançando para os cargos mais altos, observou-se que elas só ocupavam 26% das diretorias e apenas 13% chegavam à presidência.

A pouca representatividade feminina é ainda observada na política, prejudicando a pauta de políticas públicas voltadas para as mulheres.

Nesta pandemia, elas foram as mais prejudicadas, sobretudo porque trabalhavam nos setores mais afetados, como turismo, hotelaria, de serviços e de cuidados. Outro fator determinante foi não conseguirem conciliar a rotina profissional com a atenção aos filhos, nestes tempos de escolas on line.

Pequenas ações, contudo, podem contribuir para um futuro mais promissor: abertura de creches e escolas em tempo integral; oferta de cursos de qualificação; criação de linhas de crédito para estimular o empreendedorismo feminino; disponibilização dos espaços baby friendly, dentre tantas outras. Façamos, pois, a nossa parte.

*Artigo publicado originalmente no Jornal do Commercio, em Pernambuco.

Autor(es)

foto de
MELICIA ALVES DE CARVALHO MESEL

PRT 6ª/PE

Os artigos publicados são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião da ANPT.