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ANPT participa de seminário sobre Trabalho Infantil, Aprendizagem e Justiça do Trabalho

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho, (ANPT), Carlos Eduardo de Azevedo Lima, participou, na noite dessa terça-feira, (9/10) da abertura do seminário Trabalho Infantil, Aprendizagem e Justiça do Trabalho. O evento, realizado pelo Conselho Superior da Justiça do Trabalho (CSJT) e pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST), tem como objetivo promover o debate com a sociedade. Até amanhã (11/10), autoridades dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, bem como dezenas de membros do Ministério Público de todo o país, estarão reunidos em Brasília para propor novos rumos na luta contra a exploração de milhares de crianças e adolescentes brasileiros.
Para Azevedo Lima, o tema do seminário não poderia ser mais adequado, destacando, ainda, que, “conquanto seja imprescindível o combate aos exploradores do trabalho infantil e a retirada dessa situação das crianças e adolescentes encontrados trabalhando, urge, também, a efetivação de políticas públicas e adoção de medidas eficazes para mudar essa realidade, merecendo ênfase a necessidade de uma verdadeira mudança cultural em toda a sociedade, que não pode continuar achando normal que crianças trabalhem e percam, com isso, qualquer perspectiva de um futuro digno.”


O presidente do TST, ministro João Oreste Dalazen, afirmou, na ocasião, que ninguém pode ficar indiferente a essa questão, e conclamou a todos para uma união cívica para extirpar o trabalho infantil. “Se a sociedade deixar a infância ser aniquilada, não existirão homens prontos para corresponder às expectativas da prosperidade”, disse. Ele citou números alarmantes do trabalho infantil em várias regiões do mundo, envolvendo escravidão e pedofilia - crianças que acabam recrutadas por redes de tráfico de drogas e do crime organizado.

De acordo com o presidente, só no Brasil, dados do IBGE relativos a 2011 denunciam que 3,6 milhões de crianças entre 5 a 17 anos trabalham. Para Dalazen, o trabalho infantil atrai diversas consequências deletérias para a criança, além do sofrimento pessoal. Segundo ele, são crianças que não vão à escola porque trabalham e que acabarão se tornando adultos pobres. "Isso mantém o ciclo vicioso da miséria", afirmou.

“Todos devem olhar com atenção para a educação e a felicidade das crianças e lutar para que o esplendor da infância não seja ceifado pelo trabalho precoce. Os problemas futuros dos nossos filhos são nossos erros de hoje", concluiu o presidente do TST.

Palestra de abertura

A conferência de abertura foi proferida pelo ativista de direitos humanos da Índia e atuante no movimento global contra a escravidão e a exploração do trabalho infantil Kailash Satyarthi. Indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2006, ele falou sobre os desafios e perspectivas da erradicação do trabalho infantil. Satyarthi também é responsável pela libertação de mais de 60 mil crianças exploradas e é fundador-presidente da Marcha Global contra o trabalho infantil e da Coalização Sul-Asiática sobre escravidão infantil.

Satyarthi iniciou sua conferência explicando que as diversas crises globais enfrentadas pela humanidade como fome, terrorismo e falta de combustíveis, entre outras, nos forçam a pensar de forma diferente. Para o indiano, o trabalho infantil é um desses problemas globais e por isso é preciso pensar em soluções globais para a questão da infância. Ele revelou, por exemplo, que os gastos mundiais com consumo de cigarros, armas ou cosméticos resolveriam de uma vez por todas os problemas de educação infantil.

“O apartheid acabou, caiu o muro de Berlim, o homem chegou a Marte, as pesquisas chegaram à chamada partícula de Deus - esse é o lado positivo do progresso”, expõe Satyarthi, lembrando, contudo, que ainda vivemos em um mundo em que milhões estão em situação de extrema pobreza, sem acesso a água potável e sem educação.

O palestrante contou, também, diversos casos "chocantes" que acompanhou durante sua experiência como ativista de direitos humanos na Índia e revelou que ao se reunir com autoridades mundiais, ouviu muitas vezes que as crianças pobres precisam trabalhar para não morrer. Para ele isso é um mito. "Não é a pobreza que perpetua o trabalho infantil, mas o trabalho infantil que perpetua a pobreza", enfatizou. Segundo ele, as crianças não podem esperar. "Se as crianças trabalharem elas não vão se desenvolver e o ciclo da pobreza vai se perpetuar". Os esforços para erradicar o trabalho infantil são muito importantes, concluiu Satyarthi.

Além dos presidentes da ANPT e do TST também participaram da mesa de honra durante a solenidade de abertura: o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Renato Henry Sant'Anna, o procurador-geral do Trabalho, Luís Antônio Camargo, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ayres Britto, a conselheira Meire Lúcia Mota Coelho representando a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a conselheira e presidente da Comissão de Aperfeiçoamento da Atuação do Ministério Público na Área da Infância e Juventude do CNMP, Thais Ferraz e o palestrante Kailash Satyarthi

* Com informações Ascom/TST.
Fotos: Valter Campanato - Agência Brasil

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