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ANP participa de ato público em Brasília que pede justiça para Chacina de Unaí

ANP participa de ato público em Brasília que pede justiça para Chacina de Unaí
Com balões pretos, cartazes e a presença de diversos apoiadores, o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait) realizou um ato público, na manhã desta terça-feira (28/1), em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, para marcar o Dia Nacional de Combate ao Trabalho Escravo. No evento, eles cobraram do STF o julgamento urgente dos acusados de serem mandantes do crime conhecido como Chacina de Unaí. A vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Daniela Varandas, participou do evento.
“Em nome dos procuradores do trabalho quero registrar, mais uma vez, nossa solidariedade com os auditores fiscais do trabalho, nesse dia em que nos lembramos da chacina de Unaí. Solidariedade a esses profissionais que, juntamente, com policiais, membros do Ministério Público e magistrados de todo o país arriscam diariamente suas vidas para cumprir um dever, para fazer valer as leis e a Constituição do República.”, disse Daniela Varandas.

Ela destacou, ainda, toda a preocupação e indignação com a falta de um julgamento para os mandantes desse crime bárbaro. “Dez anos se passaram, a morosidade no julgamento desse crime já se traduz em impunidade. Os mecanismos de justiça não podem ser utilizados impedir uma decisão do Poder Judiciário, para impedir o julgamento de um crime tão brutal, um crime contra o próprio Estado brasileiro”, falou a dirigente da ANPT. Para ela, esse sentimento de indignação deve ser transformado em ação.



O crime aconteceu em janeiro de 2004. Quatro funcionários do Ministério do Trabalho – três auditores fiscais, Nélson José da Silva, João Batista Soares Lage, Eratóstenes de Almeida Gonsalves, e o motorista Aílton Pereira de Oliveira – foram mortos em uma emboscada quando investigavam uma denúncia de trabalho escravo em fazendas da região de Unaí. Dos nove indiciados, três foram julgados e condenados até agora e outro morreu. Os executores do crime foram julgados em 2013, na cidade de Belo Horizonte, mas os mandantes do crime até agora não foram julgados, estando o julgamento suspenso por decisão do STF.

A presidente do Sinait, Rosa Maria Campos Jorge, em seu discurso de abertura do evento, pediu aos ministros de Supremo que julguem rapidamente o recurso dos mandantes do crime e mantenham o caso em Belo Horizonte para que haja um julgamento isento.
Segundo ela, os mandantes do crime recorreram ao STF para que a ação seja transferida para Unaí, onde eles possuem influência econômica e política, o que pode comprometer o resultado do julgamento.

O Ministro do Trabalho, Manoel Dias, criticou a lentidão na conclusão do caso. "O que as famílias, o que os auditores e o que o país quer é agilidade deste julgamento, a fim de que se conclua o ciclo que é a punição dos responsáveis. O pior de tudo é a morosidade, isto resulta na impunidade."

Representantes de diversas entidades, como a ONG Humanos Direitos, que contou com participação do ator Leonardo Vieira, e Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) participaram das manifestações, apresentando apoio à luta dos auditores fiscais “para eliminar a lamentável prática do trabalho escravo que envergonha o país e avilta a dignidade humana”.

As viúvas dos três Auditores-Fiscais do Trabalho assassinados também estiveram presentes, manifestando sua dor e indignação com a longa espera pela condenação dos responsáveis pela grande perda em suas famílias.

Para marcar a data, estão sendo realizadas manifestações em seis estados - Tocantins, Goiás, Ceará, Maranhão, São Paulo e Espírito Santo. Nos demais estados, as Delegacias Sindicais organizam atividades alusivas aos dez anos da Chacina de Unaí, com paralisação das atividades por uma hora nas sedes das Superintendências Regionais do Trabalho e Emprego e das Gerências.

Fotos:ASCOM/ANPT

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