De acordo com a exposição, não há nível seguro de utilização da fibra, estando os trabalhadores e própria população em geral expostos a graves e sérios riscos. Fernanda Giannasi esclareceu, na ocasião, que os riscos por exposição ao amianto não são aceitáveis nem em nações desenvolvidas, nem naquelas de industrialização recente e que, além disso, existe disponibilidade de substitutos mais seguros e apropriados. Uma proibição mundial imediata da produção e uso do amianto é esperada há muito tempo, além de completamente justificada e absolutamente necessária, disse a especialista.
Hoje, 66 países proibiram a utilização do amianto, inclusive a Argentina, Chile e Uruguai. No Brasil, cinco estados e dezenas de municípios já têm leis que vetam a utilização do amianto. Infelizmente nossas autoridades preferem fazer vistas grossas, não punindo os infratores, já que há fortes interesses políticos e econômicos envolvidos com a produção e utilização deste mineral, enfatizou Giannasi.
Durante a apresentação, a especialista indicada pela ANPT explicou que o mineral em questão é cancerígeno para os seres humanos sob todas as formas, origens e tipos. Há uma vasta literatura médica, produzida em todo o século XX, que dá sustentação à tese de que não há maneira segura de se trabalhar com amianto ou utilizar produtos que o contenham, e que a melhor forma de se eliminar as doenças provocadas por esta fibra mineral é o seu banimento, informou.

Campanhas em todo mundo, apoiadas, entre outros organismos, pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), lutam pela eliminação da chamada catástrofe sanitária do século XX, tal a gravidade do quadro epidêmico das doenças provocadas pelo amianto. A OMS estima, atualmente, que 125 milhões de trabalhadores e trabalhadoras em todo o mundo estão expostos ao amianto em seus locais de trabalho. Segundo estimativas, mais de 107 mil trabalhadores morrem por ano pelas doenças relacionadas ao amianto, entre as quais o câncer de pulmão.
Posicionamento da ANPT
Atualmente, existem três Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) sobre a questão do amianto em tramitação no Supremo Tribunal Federal, razão pela qual a Corte optou pela realização das audiências públicas que se encerraram hoje, em que especialistas tratam dos aspectos técnicos envolvendo a utilização do mineral. Uma delas, a ADI 4066, que tem como relator o ministro-presidente, Carlos Ayres Britto. A ADI 4066, ajuizada pela ANPT em parceira com a Anamatra, questiona dispositivo da Lei Federal 9.055/95 que permite a exploração e a comercialização do amianto crisotila no país, também conhecido como amianto branco. As associações insistem que não há nível seguro de exposição ao amianto, como definiu, em 1977, a OMS.
