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Jogo digital que auxilia no combate ao trabalho infantil é lançado pelo MPT em Brasília

Jogo digital que auxilia no combate ao trabalho infantil é lançado pelo MPT em Brasília
“Infância livre”, este é o nome do jogo lançado nessa terça-feira, 14/10, pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), que auxiliará no combate ao trabalho infantil em todo o país. O game, que tem como público-alvo, em especial, crianças e adolescentes, apresenta vários possíveis cenários de exploração da mão de obra infantil, como lixões, o meio rural, sinais de trânsito e o ambiente doméstico, a fim de mobilizar a sociedade para a erradicação dessa forma de exploração do labor humano. O presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Carlos Eduardo de Azevedo Lima, e o vice-presidente da entidade, Ângelo Fabiano Farias da Costa, participaram da solenidade.
De acordo com o presidente da ANPT, “o jogo constitui uma fantástica ferramenta para tratar dessa relevantíssima e mais que preocupante temática”. Segundo ele, “se enfrentamos dificuldades as mais diversas para tratar de outras graves problemáticas que despertam a atuação dos membros do MPT em todo o Brasil, quando se está a tratar do combate ao trabalho infantil ainda nos deparamos com uma preocupação adicional, que diz respeito à imprescindibilidade de uma mudança cultural em vários setores da sociedade”, ressaltou, para enfatizar em seguida que “ninguém vê, por exemplo, alguém defendendo a exploração de trabalho em condições análogas às de escravo. Infelizmente existem diversos casos da famigerada escravidão contemporânea, como as dezenas de milhares de casos constatados nos últimos anos estão a demonstrar, mas ninguém defende a nefasta prática publicamente, ao contrário do que, lamentavelmente, ainda se verifica em relação ao trabalho infantil, não sendo raro ouvirmos aquele equivocado discurso no sentido de que ´é melhor a criança trabalhar que roubar ou matar´, como se suas opções fossem somente estas”, disse Azevedo Lima.

Para o procurador, “esse jogo contribui significativamente para modificar essa mentalidade, até porque atinge as pessoas mais diretamente envolvidas e, mais que isso, a sociedade em geral, permitindo que saiamos da mera discussão de teses jurídicas, indiscutivelmente relevantes, mas que têm, inegavelmente, alcance limitado”, frisou.

No Brasil, pelo menos 3 milhões de crianças se encontram em situação de trabalho. No jogo, são fornecidas informações sobre os prejuízos da prática e sobre os direitos da criança e do adolescente. O Infância Livre está disponível gratuitamente na internet, pelo endereço www.mptgames.com.br/infancialivre, e pode ser baixado em computadores e tablets.

O jogo

O projeto é resultado de cooperação entre o MPT na Paraíba e o Curso Superior de Tecnologia em Jogos Digitais da Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas (Facisa), de Campina Grande (PB), firmada em 2012. Durante a solenidade de lançamento, foram exibidos o trailer e o making off do processo de criação, animação e programação do jogo, desenvolvido pelos estudantes Aleff Ghimel, César Augusto, Aurélio Filgueiras e Valdemir Segundo, sob a supervisão do coordenador do curso, Rodrigo Motta. “O projeto tem essa questão social, ele muda você como cidadão, muda a forma como a gente entende a sociedade. Eu não sabia o que era ou não, exatamente, trabalho infantil. Essa experiência profissional fez com que eu me desse conta do que é certo e errado”, afirmou Aleff.

A produção do game foi idealizada pelos procuradores Marcos Almeida e Raulino Maracajá, responsáveis pelo programa MPT Games. “A nossa ideia é explorar o potencial que os jogos digitais têm de entretenimento para levar informação e gerar a reflexão sobre temas sociais relevantes como o trabalho infantil. Nosso objetivo é promover cidadania nas relações de trabalho e, por meio disso, estabelecer uma sociedade mais justa e digna”, explicou Marcos Almeida. Ele lembrou que a prática tem ligação com questões socioeconômicas e mitos que defendem o trabalho como elemento formador do caráter e alternativa para a fuga da marginalidade.

“Já está constatado que a mera repressão e punição dos exploradores é insuficiente para acabar com o problema do trabalho infantil. Esse game é uma ferramenta inovadora que, de forma lúdica e pedagógica, surte muito mais efeito para a conscientização das pessoas do que uma sentença, um inquérito civil ou uma ação civil pública”, afirmou o coordenador nacional de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Coordinfância), o procurador do Trabalho Rafael Dias Marques.

Proteção da infância – O procurador-geral do Trabalho, Luís Camargo, falou da relação entre o trabalho precoce e o trabalho escravo contemporâneo e destacou a importância de proteger a infância para evitar as condições precárias de trabalho entre os adultos. “Se conseguirmos erradicar o trabalho infantil, estaremos muito próximos de erradicar o trabalho escravo. A maioria dos trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravo foram crianças privadas de seus direitos, das brincadeiras e da escola.”

Também participaram do lançamento a vice-procuradora-geral do Trabalho, Eliane Araque dos Santos, o procurador-chefe do MPT-PB, Cláudio Gadelha, o procurador-chefe do MPT-DF/TO, Alessandro Santos de Miranda, e a procuradora-chefe substituta desta última Regional, Paula de Ávila, além de diversas outras autoridades engajadas no combate ao trabalho infantil, incluídos representantes da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, da Organização Internacional do Trabalho e do Conselho Nacional dos Procuradores-Gerais dos Ministérios Públicos dos Estados e da União.

*Com informações e foto: Ascom/PGT

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