Nessa segunda-feira (15), o Ministério Público do Trabalho (MPT) lançou mais uma edição da revista MPT em Quadrinhos, cujo tema é: “E Se Fosse Você? Mulheres no Mercado de Trabalho”. A vice-presidenta da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Lydiane Machado e Silva, participou da solenidade de lançamento.
A procuradora enfatizou a importância de se debater as questões relacionadas às dificuldades que as mulheres têm para acessar o mercado de trabalho e ascender profissionalmente. “A revista destaca exatamente essas dificuldades e, ao meu ver, enfatiza que a falta de empatia é uma das raízes do problema. A proposta trazida pelos quadrinhos é bastante simples, mas depende de atitudes complexas. Reconhecer-se no lugar de privilégio é um exercício difícil e implica na apreensão de que, ainda que inconscientemente, nossas atitudes reforçam a situação de extrema desigualdade de gênero em que vivemos”, apontou.
Quando o assunto é mercado de trabalho e pandemia, as mulheres sofreram o maior impacto durante a crise sanitária ocasionada pela Covid-19. No terceiro trimestre de 2020, a taxa de desocupação das mulheres era de 16,8%, segundo dados da Pnad Contínua Trimestral, do IBGE. Já a taxa de desocupação dos homens era de 12,8% no mesmo período.
Porém, a vice-presidenta da ANPT afirmou que não se pode dizer que foi essa circunstância que inaugurou os percalços que a parcela feminina da população enfrenta para se manter economicamente ocupada. Para Lydiane Machado, é mais importante romper o paradigma e reconhecer que a socialização feminina é baseada na premissa de que as mulheres devem proporcionar a manutenção dos privilégios masculinos.
“O mito de que as mulheres são capazes de “darem conta de tudo” gera uma romantização da sobrecarga de trabalho a que estamos submetidas. Gera também a sensação de incapacidade, uma vez que, verdadeiramente, é impossível que se consiga atender a todas as demandas familiares, sociais e profissionais a nós dirigidas”, pontuou.
Com isso, a vice-presidenta enfatizou o fato de que as posições de poder, os cargos de comando e de gestão são preferencialmente destinados aos homens. No Brasil, entre as ações realizadas, 35% das empresas demonstram garantir acesso igualitário a oportunidades de trabalho de desenvolvimento, enquanto apenas 18% relatam vincular recompensas de cargos de liderança ao progresso na questão de gênero, de acordo com o relatório Women in Business 2020, da Grant Thornton.
“A revista nos convida a uma reflexão sobre isso e nos revela, por exemplo, que a assunção a cargos de comando ou de gestão, por vezes, não acontece porque empresas e instituições não estão preparadas para acolherem as peculiaridades femininas, ou porque, no ambiente doméstico, as obrigações com os filhos e com a casa ainda recaem exclusivamente sobre nossos ombros, ou ainda, porque o Estado não possui políticas públicas que apoie e fomente a inserção da mulher no mercado de trabalho”, alertou Lydiane Machado.
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*Por Gabryel Jackson, estagiário sob supervisão de Gustavo Rocha.