Foram conhecidos, nesta quinta-feira (1º), os vencedores do Prêmio MPT de Diversidade. A vice-presidente da Associação Nacional dos Procuradores e das Procuradoras do Trabalho (ANPT), Lydiane Machado e Silva, participou da cerimônia de premiação, ocasião na qual ressaltou que promover uma sociedade inclusiva e sem preconceitos é a proposta de sociedade idealizada pela Constituição Federal de 1988.
Além disso, em sua fala, Lydiane Machado reforçou a importância de elevar iniciativas como as premiadas a fim de inspirar ações semelhantes que possuem o poder de conceder esperança a pessoas que, historicamente, não se reconhecem nos espaços públicos nem se veem como detentoras de direitos.
"Quando a diversidade é posta em foco, quando quebramos o padrão e ajudamos a revelar as potencialidades de quem historicamente é colocado à margem da narrativa dominante, estamos trazendo a lume a existência dessas pessoas. Elas passam a se reconhecer como detentoras de direitos e enriquecem o complexo mosaico social”, defendeu a vice-presidente da ANPT.
Ela ressaltou ainda que os projetos e as iniciativas apresentados buscam respeitar a pluralidade e concretizar o postulado da igualdade. “Prestigiar a empregabilidade de pessoas LGBTQIA+, cuidar do empoderamento econômico de mulheres estigmatizadas como as vítimas de escalpelamento e trabalhar pela inclusão no mercado de trabalho de jovens negras e negros acalentam nossa esperança de que o Brasil um dia possa alcançar o modelo constitucionalmente garantido”, informou.
Sobre o prêmio
O Prêmio MPT de Diversidade é uma iniciativa do Comitê Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade do MPT e tem por finalidade estimular iniciativas que contribuam com a consolidação da cultura de equidade dentro da instituição e que beneficiem a sociedade. Seu principal objetivo é identificar, premiar e disseminar iniciativas e projetos de sucesso realizados dentro das várias unidades do MPT, que estejam em consonância com a Política Nacional de Equidade de Gênero, Raça e Diversidade, e que contribuam, de alguma forma, para melhorar a eficiência institucional alinhada a uma cultura fomentadora de Direitos Humanos.
Veja abaixo mais informações sobre as três iniciativas finalistas:
1º lugar: Empoderamento Econômico das Mulheres Vítimas de Acidentes com Escalpelamento no Norte do Brasil
O projeto inclui diagnóstico das necessidades e programa de formação empreendedora para até 50 mulheres vítimas de escalpelamento, incluindo curso online, com criação de conteúdo específico e elaboração de plano de negócios para as participantes produzirem relatório das atividades realizadas. O escalpelamento em embarcações é um acidente típico da região Norte do país, sobretudo dos estados do Pará e Amapá, que acarreta o arrancamento brusco e acidental, total ou parcial, do couro cabeludo. Os acidentes ocorrem mais frequentemente com mulheres, sendo raros os casos com homens. As principais vítimas são crianças e adolescentes, havendo relatos de acidentes em situações de trabalho infantil, como em atividades de pesca e no deslocamento para a venda de produtos, como açaí. O Grupo de Trabalho “Escalpelamento por Embarcações”, vinculado à Conatpa, com participação da Coordigualdade e da Coordinfância, tem como objetivos principais a prevenção e erradicação dos acidentes com escalpelamento e a promoção de melhorias das condições de vida e de trabalho das vítimas.
2º lugar: Afro Presença - Inclusão Racial de Jovens Negras e Negros Universitários no Mundo do Trabalho
A iniciativa teve sua primeira edição em 2020 e foi criada a partir das diretrizes e estratégias do Projeto Nacional de Inclusão Social de Jovens Negras e Negros no Mercado de Trabalho do MPT. O propósito foi o de estabelecer princípios, diretrizes e ações que favoreçam, assegurem e promovam a equidade de gênero, raça e diversidades a todas as pessoas no âmbito institucional e em sua rede de relacionamentos. Realizado de forma virtual e gratuito, para promover mais oportunidades de emprego para jovens negras e negros universitários, o encontro Afro Presença apresentou uma programação bem diversificada, que inclui a realização de oficinas de recursos humanos, painéis com abordagem sobre problemáticas em torno da questão racial, sobretudo, no mercado de trabalho, atividades artísticas, canal aberto com as empresas apoiadoras, por meio de stands virtuais, além de oportunidades de trabalho para o público alvo, onde foram ofertadas cinco mil vagas de emprego.
3º lugar: Projeto de Empregabilidade LGBTIQ+ do MPT
O objetivo do projeto é uma atuação concentrada do MPT que possibilite a conscientização do maior número de pessoas internamente e externamente para a necessidade do combate à discriminação. A iniciativa visa a capacitação de pessoas LGBTIQ+ em situação de vulnerabilidade para que possam ser incluídas e permanecerem ativas no mercado de trabalho com oportunidades de ascensão e conta com a participação de todas as Procuradorias Regionais do Trabalho (PRTs). As 24 regionais seriam responsáveis pela capacitação e formação de profissionais da comunidade LGBTIQ+, além de capacitar profissionais dos departamentos de recursos humanos e gestores sobre diversidade, tendo o objetivo de beneficiar 50 pessoas a cada ano de existência do projeto. O projeto se afigura como um importante instrumento de combate articulado e sistematizado das causas geradoras de desigualdades sociais, por meio de implementação de medidas que visem à promoção da igualdade no mercado de trabalho e enfrentamento da LGBTfobia institucional ainda existente na sociedade brasileira e, por conseguinte, garantir que o valor da diversidade, respeito e tolerância seja efetivamente implementado dentro da empresa, internalizado na gestão empresarial, incorporado pelos administradores, com capacitação de gestores e profissionais das áreas de recursos humanos, a fim de adequar o processo de seleção e inclusão de pessoas LGBTIQ+ nas diferentes funções e setores de atividade da empresa, abrangendo postos de chefia e liderança.