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Reforma trabalhista é debatida em audiência pública da CDH do Senado

Reforma trabalhista é debatida em audiência pública da CDH do Senado

O presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Ângelo Fabiano Farais da Costa, participou nesta terça-feira, 23/05, de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado Federal, que debateu o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 38/2017, que trata da reforma trabalhista. O procurador ressaltou que faltou um debate mais democrático sobre o tema e que em nenhum momento as entidades de classe e sindicais foram convidadas efetivamente para discutir os termos do projeto encaminhado pelo Executivo, que foi  “apresentado de maneira açodada e que descumpre diretamente as convenções internacionais das quais o Brasil é signatário, a exemplo das Convenções nºs 144 e 154 da OIT”.

 
Em sua manifestação, o procurador  levou a visão técnica e jurídica, além da experiência dos membros do Ministério Público do Trabalho (MPT), sobre diversos pontos apresentados no projeto (para conferir mais detalhes dessa parte clique aqui). Ressaltou também que a Frente Associativa da Magistratura e do Ministério Público (Frentas) divulgou nota pública contra a reforma trabalhista, nesta terça-feira, pedindo aos senadores que, diante deste momento de extrema instabilidade política, rejeitem a proposta do PLC 38.
 
Ele revelou ainda que o MPT  fez uma consulta formal acerca de potencial descumprimento da convenção 98 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que confirmou que se a reforma for aprovada da forma como está, possibilitando a prevalência das negociações coletivas sobre a lei para reduzir direitos, vai gerar um descumprimento pelo Estado brasileiro de convenções ratificadas pelo Brasil perante a OIT causando, possivelmente, uma condenação em foros internacionais.
 

Geração de empregos

Farias da Costa ressaltou que ainda que o projeto de reforma não tem qualquer garantia de manutenção dos atuais níveis de emprego, porque  ele traz dois dispositivos que fortalecem, em progressão geométrica, as fraudes. Como exemplo, ele citou o dispositivo que permite a contratação de trabalhador autônomo de forma exclusiva e contínua, afastando todos a proteção do artigo 7 da Constituição  e a proteção e os direitos da CLT.

Sobre a contribuição sindical obrigatória, o presidente da ANPT disse que é contrário a sua obrigatoriedade, porém, ressaltou que nesse momento ela não pode ser retirada sem qualquer tipo de contrapartida. “Isso é enfraquecer demais os sindicatos. Para os empresariais não fará diferença a retirada do imposto sindical, pois esse financiamento representa pequena parte de suas receitas. A título de exemplo, apenas 11% da receita da FIESP (segundo dado da Folha de São Paulo) é de contribuição sindical obrigatória, sendo 60% proveniente do Sistema S, cujas receitas não são destinadas a sindicatos de trabalhadores. Você dá com uma mão ao oferecer a possibilidade de negociação mais ampla e tira com a outra, enfraquecendo os sindicatos. Não dá pra afirmar que todos os sindicatos são fortes. Hoje nós temos várias investigações no MPT em que foram constatadas fraudes e corrupção de sindicalistas, negociando direitos de trabalhadores”, alertou para em seguida dizer que enquanto não for feita uma profunda reforma sindical, isso só vai trazer prejuízo para os trabalhadores.

Também participante da audiência pública, o procurador do Trabalho Renan Kalil Renan Kalil, apresentou uma pesquisa da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), segundo a qual 73% dos empresários também não acreditam que a reforma trabalhista possa gerar empregos de forma significativa.

 

*Com informações da Agência Senado.

 

 

 

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