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Terceirização é tema de audiência pública no Senado com a participação da ANPT

Terceirização é tema de audiência pública no Senado com a participação da ANPT
A terceirização do trabalho no Brasil foi tema de audiência pública na manhã de hoje (4/04), na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado Federal, presidida pelo senador Paulo Paim (PT-RS). O presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Sebastião Vieira Caixeta, participou e levantou questões importantes sobre o tema, como os efeitos danosos causados pela terceirização irregular no Brasil.
Segundo Caixeta, atualmente, tem acontecido um desvirtuamento sobre o verdadeiro significado da terceirização. Para ele, o intuito deve ser, sempre, a transferência apenas de atividades acessórias, a busca de uma especialização que, por conseguinte, resultará no aumento de produtividade. O procurador reforçou que, constantemente, os trabalhadores terceirizados sofrem com a redução dos seus direitos trabalhistas em comparação aos empregados efetivos das empresas. Para ele, isso se reflete tanto no nível de remuneração quanto nos outros benefícios, independentemente da qualificação profissional. “O trabalho terceirizado sofre discriminação. Ele é um trabalhador classificado, por muitos, como de segunda categoria. Não tem identidade, não tem nome e na verdade se referem a ele sempre como o terceirizado. Ninguém sabe o nome dele”, disse.

Sobre os efeitos danosos da terceirização, o presidente da ANPT destacou um dos principais, que é o foco muito intensificado na redução dos custos com a mão de obra, “o que leva a redução de direitos, a jornada exaustiva, o descuido com o meio ambiente de trabalho e a precarização das relações de trabalho”. O presidente da ANPT reforçou também, que a terceirização não cria emprego, “uma vez que só faz a substituição dos empregadores diretos pelos terceirizados. A sua aplicação de maneira indiscriminada leva, fatalmente, ao aniquilamento da proteção social e ao extermínio do Direito do Trabalho”.

Outro ponto levantado pelo procurador foi em relação aos números referentes a acidentes de trabalho envolvendo trabalhadores terceirizados. Caixeta ressaltou que em cada cinco mortes em empresas, quatro são de trabalhadores terceirizados e em cada dez acidentes de trabalho, oito são registrados em empresas terceirizadas. “Existem estudos antigos que demonstram o grande número, e o aumento desproporcional, de acidentes de trabalho quando se refere aos trabalhadores contratados direitamente e os terceirizados”, disse.

A relação entre a terceirização e o trabalho escravo, também, foi uma preocupação levantada pelo presidente da ANPT. Caixeta informou que nas operações de combate a essa prática, normalmente se verifica que há a contratação por meio da pessoa, empresa ou pessoa física numa relação triangular que gera essa situação de exploração máxima do trabalho escravo. “Infelizmente, e os dados recolhidos pela fiscalização do trabalho, nas operações acompanhadas pelos membros do Ministério Público constatam, grande parte das situações de trabalho análogo ao de escravo, também, tem relação com a terceirização”, afirmou.

Por fim, na opinião do procurador, a terceirização deve ser regida por legislação mais eficiente, com segurança jurídica para o trabalhador e para as empresas, observando os parâmetros da constituição federal. Caixeta pontuou que caso o Projeto de Lei (PL) n. 4.330/2004, de autoria do Deputado Sandro Mabel (PMDB/GO), que disciplina a terceirização de serviços especializados no âmbito público e privado venha a ser aprovado da maneira como está, acabará por se promover uma ampla reforma trabalhista, com extinção de direitos históricos dos trabalhadores. “De fato o Congresso Nacional deve fazer a regulamentação da terceirização no Brasil, mas deve fazer, necessariamente, observando os parâmetros da Constituição Federal, que impõe uma relação de trabalho protegido preservando a dignidade da pessoa humana”, completou.

Entre autoridades que se pronunciaram durante a audiência, além dos presidentes da ANPT e da Comissão, estavam o presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), Renato Henry Sant’anna, o membro do Grupo de Trabalho sobre terceirização da CUT Nacional Miguel Pereira, o assessor parlamentar do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar Antonio Augusto de Queiroz, o presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes José Boaventura Santos.

Foto 2: José Cruz – Agência Senado

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